DIRETÓRIO
DA PASTORAL DE
COROINHAS E
CERIMONIÁRIOS
2025
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Sumário
Apresentação .........................................................................5
Introdução......................................................7
1 – Da História e da Natureza dos Coroinhas e dos Cerimoniários..........................................8
5 – Do Ministério do Coroinha e Cerimoniário.....................11
3 – Do Coroinha.............................................12
3.1 – Da Preparação do Coroinhas..............................................14
3.2 – Das Funções do Coroinha..................................................16
4 – Do Cerimoniário.................................................17
4.1 – Da Preparação do Cerimoniários.......................................18
4.2 – Das Funções do Cerimoniário...........................................20
5 – Das Vestes do Coroinha e do Cerimoniário......................21
6 – Da Apresentação de Coroinhas e Cerimoniários novos...........22
6.1 - Rito de Reconhecimento de Coroinhas e Cerimoniários....25
7 – Conclusão................................................24
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Apresentação
Caros irmãos e irmãs!
Paz e Bem!
No Evangelho de Mateus, Jesus se dirige aos seus discípulos com a seguinte afirmação: “Deixai as crianças e não as impeçais de vir a mim, pois, delas é o Reino dos céus. Em seguida impôs-lhes as mãos e partiu dali” (Mt 19,1-15). Essas palavras confirmam a missão da Igreja em educar, formar e acompanhar as crianças, adolescentes e jovens em seu caminho de discipulado missionário, de modo que tenham condições de crescerem na fé e no teste-munho cristão, desde a sua presença e serviço litúrgico até a vida cotidiana.
Este Diretório para Grupos de Coroinhas e Cerimoniários é fruto de um trabalho longo de escuta que se realizou em nossas comunidades, paróquias e áreas pastorais. O objetivo principal deste diretório é o de oferecer orientações claras para todos os responsáveis, em todos os espaços arquidiocesanos, do acompanhamento dos grupos de coroinhas e cerimoniários.
Aproveito a oportunidade para agradecer a todos e todas os envolvidos no acompanhamento deste projeto: o arcebispo Dom Gabriel Mendes e outros padres de nossa Arquidiocese. Agradecendo o trabalho e empenho de todos e que com generosidade e compromisso eclesial, têm sido uma presença fecunda junto a estes e estas que exercem este serviço eclesial como coroinhas e cerimoniários em nossa Arquidiocese.
Exorto a todos e todas a confirmarem este chamado e missão que receberam de acompanharem as crianças, adolescentes e jovens
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em suas Comunidades Eclesiais de Base, a fim de que possam ser formados e enviados como verdadeiros discípulos missionário de Jesus de Nazaré, assumindo, com alegria e compromisso, o serviço litúrgico a eles e elas confiado.
Que a Virgem da Vitória possa interceder ao Seu Filho por todos os que acompanham e coordenam o grupo de coroinhas e cerimoniários, bem como, por todas as nossas crianças, adolescentes e jovens.
Que sobre todos venha a benção e a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo.
10 de agosto de 2025
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Introdução
Em toda parte, muito queridos pelo povo católico, os coroinhas e cerimoniários participam atentamente em cada celebração litúrgica, auxiliando com presteza e seriedade. Ainda que crianças ou adolescentes, tornam-se verdadeiros missionários. Muitas das vezes, são eles que levam toda a família a rezar. É preciso notar, por fim, que esses pequenos servidores do Senhor favorecem,com seus piedosos gestos, uma sincera vivência eucarística nas comunidades.
Desde tempos longínquos, os coroinhas desenvolvem importante papel na Igreja, sobretudo no que diz respeito ao auxílio nas celebrações litúrgicas. O serviço por eles prestado contribui para melhorar a dignidade do mistério celebrado e para incentivar as vocações nas suas mais variadas formas.
Este documento é fruto de um longo processo de escutas das paróquias e Áreas Pastorais de nossa Arquidiocese. Esse processo se deu a partir da constituição de uma Equipe responsável pelos trabalhos com os coroinhas e cerimoniários em nível arquidiocesano.
Deseja-se assim, oferecer orientações aos grupos de coroinhas e cerimoniários desta Igreja particular, em sintonia com a Tradição universal da Igreja e a eclesiologia própria da Arquidiocese. Caminhando junto de Jesus e Sua Igreja, certamente, toda a obra de evangelização se torna exitosa.
Bom trabalho!
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1 - Da história e da natureza dos
coroinhas e dos cerimoniários
1. Em todas as épocas, os jovens servidores do Altar destacaram-se pela sua boa conduta e pelo seu grande amor a Jesus na Eucaristia. No tempo do Império Romano, quando ocorriam muitas perseguições contra os cristãos, houve um rapaz muito corajoso chamado Tarcísio, que exercia também a Função de Coroinha.Como era proibido celebrar a Santa Missa, os padres e povo se reuniam em lugares secretos, geralmente dentro das casas, para rezar. Quando era necessário levar a Sagrada Comunhão aos doentes e prisioneiros, escolhia-se alguma pessoa de coragem para realizar essa tarefa tão arriscada.
Um dia, o jovem Tarcísio se ofereceu para esse serviço. O padre permitiu, mas não sem antes adverti-lo contra os perigos doca-minho e perguntar: “Conservarás com fidelidade e segurança Os sagrados Mistérios”? Ele respondeu: “Sim, nem que eu tenha que morrer para Protegê-lo”. Então, o jovem coroinha partiu carregando consigo A eucaristia junto ao peito, enrolada numa alfaia.
No trajeto surgiram alguns jovens pagãos desconfiados de que Tarcísio era cristão.Tentaram forçando a entregar o que trazia jun-to ao peito, mas ele defendia as Hóstias com vigor e valentia,conforme prometera ao padre. Diante dessa resistência, os outros
rapazes começaram a atacar Tarcísio com pedradas e pontapés.De tanto apanhar, sem nunca ceder, ele ficou à beira da morte.
Foi então levado ao padre por um soldado, que, comovido coma situação, converteu-se à Fé Católica. Dizem – tão grande foi amor com que o Santo coroinha defendeu a Eucaristia – que o Santíssimo Sacramento desapareceu e se tornou uma só coisa
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1 Fato ocorrido, provavelmente, no século III.
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com sua carne. Esse jovem Zinho mártir, que deu tão nobre exemplo de fé e fidelidade, tornou-se mais tarde o padroeiro de todos os coroinhas.
2. Tradicionalmente, muitos dos meninos acabam por descobrira sua vocação sacerdotal, tornando-se padres. Aliás, um dado curioso é que, na Itália, ao invés de coroinha, utiliza-se frequente-mente o termo chierichetto, que significa padrezinho ou pequeno padre em Português.
3. Ser coroinha, portanto, é tornar-se participante de uma grande história, ainda inacabada, que continuará a ser escrita por várias mãos até o fim dos tempos. Honra maior, porém, está reservada a todos aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática(Lc 11,28), pois serão chamados a participar da Liturgia na Jerusalém Celeste, onde “já não haverá noite, nem se precisará da luz de lâmpada ou do sol, porque o Senhor Deus a iluminará e hão de reinar pelos séculos dos séculos” (Ap 22,5).
4. O Papa Francisco, nesse sentido, aconselhava aos servidores Do altar: “[...] tanto mais vos lembrareis de conversar com Jesus na oração diária, vos alimentares da Palavra e do Corpo do Senhor,e sereis muito mais capazes de ir até ao próximo, levando como dom aquilo que recebestes, dando com entusiasmo a alegria que vos foi dada”².
5. De acordo com a diversidade de ministérios, funções e participação, os adolescentes, jovens e adultos que buscam servir Na liturgia o fazem unidos aos presbíteros, ao povo e a toda Igreja.Pois, “o sacerdócio comum dos fiéis e o sacerdócio ministerial ou hierárquico, embora diferentes essencialmente e não somente em
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2 Trecho do discurso do Papa Francisco, proferido em 04 de agosto de 2015, aos PELLEGRINAGGIO DEI MINISTRANTI DI LINGUA TEDESCA.
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grau, ordenam-se, sem dúvida, um ao outro, pois ambos participam de forma peculiar do único sacerdócio de Cristo”⁴.
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4 Lumen Gentium, n. 10.
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2 - Do ministério do coroinha e
cerimoniário
6. O ministério dos coroinhas e cerimoniários é fundamental na liturgia da Igreja Católica. Eles auxiliam o padre e o diácono nas celebrações, garantindo que tudo ocorra de forma organizada e reverente.
Coroinhas:
• Função: Os coroinhas, geralmente crianças e adolescentes, desempenham um papel de destaque na liturgia. Eles auxiliam em diversas tarefas, como carregar a cruz, as velas (candelabros), o incensário, e ajudam a preparar o altar.
• Significado: Sua presença simboliza a participação ativa do povo na celebração e a alegria de servir a Deus. É um primeiro contato com a vida ministerial na Igreja, ensinando sobre a importância da reverência e do serviço.
Cerimoniários:
• Função: Os cerimoniários, muitas vezes jovens ou adultos, têm uma responsabilidade maior na organização e condução da liturgia. Eles coordenam os movimentos dos coroinhas, garantem que todos os paramentos e objetos litúrgicos estejam nos lugares corretos, e auxiliam o celebrante em todos os ritos.
• Significado: Sua atuação assegura a beleza e a solenidade das celebrações, permitindo que o mistério celebrado seja vivido com maior profundidade. Eles são verdadeiros "organizadores do sagrado", cuidando para que cada detalhe contribua para a glória de Deus.
Ambos os ministérios são essenciais para que a liturgia seja um momento de encontro profundo com Deus, transmitindo a beleza e a sacralidade da fé cristã.
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7. A palavra “coroinha” se refere a criança ou adolescente, do sexo masculino, que auxilia os sacerdotes nas celebrações litúrgicas, sobretudo nas funções do Altar que não exigem ministério
ordenado ou instituído.
12. Devido às necessidades pastorais, o Papa João Paulo II, por meio da Instrução Redemptionis Sacramentum, autorizou “as crianças e os adolescentes do sexo feminino para servirem coma mesma dignidade os sacerdotes conforme as circunstâncias pastorais”¹. Assim, a terminologia “coroinha” expressa a mesma
dignidade “litúrgica funcional”, quer se trate de menino, quer se trate de menina.
8. Ser coroinha é participar da Liturgia; é servir ao Altar do Senhor com zelo, dignidade e alegria; é experimentar Cristo em to-dos os momentos de serviço na vivência litúrgica. A exemplo De São Tarcísio, o coroinha precisa zelar pela Eucaristia: fonte de todas as graças, alimento que fortalece a alma e nos conduz ao Pai. Ao se aproximar da Eucaristia, o coroinha vive o ápice da sua colaboração para com o serviço litúrgico, testemunhando sua de-dicação, oração e amor por tão excelso Sacramento. Nesta Fonte de Vida, santifica-se e aproxima-se cada vez mais das realidades celestes.
9. O coroinha deve realizar seu serviço com a alegria que vendo encontro com o Senhor Ressuscitado². Alguns, “dentre os fiéis leigos, exercem reta e louvavelmente tarefas relacionadas com a sagrada liturgia, conforme a tradição, para o bem da comunidade e de toda a Igreja de Deus”³. Assim, deve o coroinha alegrar-se
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1 Redemptionis Sacramentum, n. 47.
2 “Alegrai-vos no Senhor” (Fl 4,4).
3 Cf. Código de Direito Canônico, c. 230 § 2; cf. também Instrução Geral do Missal
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por estar servindo a Deus através do serviço do Altar. Servindo ao Altar, acaba por servir a toda comunidade de fé que se reúne para a oração. É um trabalho muito bonito e de grande valor, não pelo seu “prestígio”, mas pela entrega, que cada um faz, do tempo a Deus. Por isso, os serviços devem ser “realizados de tal forma que a liturgia da Igreja se desenvolva de maneira digna e decorosa”4
.
10. Exige-se do coroinha piedade, boa postura, respeito pelos ministérios, pelo sacerdote, pelos fiéis da assembleia e pelo templo. Ou seja, são exigidas todas as virtudes necessárias para bem celebrar a liturgia, pois o coroinha não está sozinho, e sim bem unido com a Igreja inteira⁵. Por fim, deve o coroinha acostumar--se a tratar santamente o lugar onde exerce seu ofício. Por isso, os coroinhas “no desempenho de sua função, façam tudo e só aquilo que lhes compete, de acordo, com a própria organização da celebração, para que a Igreja apareça tal como é constituída em suas diversas funções e ministérios”⁶
.
11. Acerca do serviço do coroinha, o Papa João Paulo II exortou que: “procurem ajudar com maior zelo, os presbíteros e as comunidades paroquiais a viver este grandioso mistério que se realiza durante cada Missa”⁷. Com efeito, quem busca servir ao Altar Do senhor, necessariamente, precisa servir consciente de que a “celebração litúrgica é a ação sagrada por excelência, cuja eficácia,com o mesmo título e o mesmo grau, não é igualada por nenhuma outra ação celebrativa da Igreja”⁸.
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3.1 - Da preparação dos coroinhas
12. A preparação para o serviço de coroinha é de suma importância para o desenvolvimento das atividades exercidas pelas crianças e pelos adolescentes, pois já é uma prática corriqueira Na arquidiocese de Mariana. Por essa razão, é importante que as prerrogativas aqui delineadas sejam aplicadas e seguidas para uma melhor comunhão eclesial.
13. Postaremos, portanto, os aspectos principais que norteiam e colaboram com a unidade e a uniformidade na preparação dos meninos e meninas em todas a Arquidiocese:
a. Deve ser escolhido crianças com mais de 11 anos que tenha cuidado com a liturgia e seja certamente comportado.
b.
c. O tempo de preparação decorra no período mínimo de 2 Semanas. Haja, não obstante, ao menos 3 Formações, nos
quais devem ser apresentados conteúdos teóricos e práticos;
c. Deve-se seguir o seguinte roteiro para a preparação⁹:
d. História de São Tarcísio, Padroeiro dos Coroinhas; Oração de São Tarcísio; Hino de São Tarcísio; e Oração do Coroinha; as orações da Tradição da Igreja (Pai-Nosso, Ave-Maria, Símbolo dos Apóstolos, Alma-de-Cristo, etc.)
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• A espiritualidade do coroinha;
• A importância desse serviço; do zelo e da responsabilidade
para com a Liturgia;
• A Igreja como espaço celebrativo;
• Santa Missa, parte por parte;
• A Eucaristia na vida da Igreja;
• A Celebração da Palavra de Deus: o que é?
• Liturgia I: tempos litúrgicos, celebrações litúrgicas;
• Liturgia II: paramentos, objetos e livros litúrgicos, símbolos e insígnias episcopais;
• Diferença entre ministérios ordenados e ministérios leigos;
• Gestos e posturas;
• Aula prática das funções na ação litúrgica.
e. Deve ser oferecida formação permanente após o reconhecimento;
f. É permitido que os coroinhas sirvam na Celebração da Palavra;
g. Incentivar a questão vocacional.
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14. Dentro do âmbito da formação, é preciso que o coroinha tenha:
h. Zelo e respeito pela Liturgia, pelos espaços sagrados e pelas vestes;
i. Respeito aos membros do grupo de coroinhas e cerimoniários e à comunidade inteira;
j. Simplicidade e humildade;
k. Responsabilidade com os compromissos assumidos;
3.2 - Das funções do coroinha
15. No que concerne às funções do coroinha, destacam-se:
l. Turiferário;
m. Naveteiro;
n. Cruciferário;
o. Ceroferário;
p. Levar ao Altar os vasos sagrados e alfaias;
q. Baculífero e mitrífero;
r. Librífero.
21. Convém enfatizar – por meio da Instrução Geral do Missal Romano – que, mesmo com as normativas especificadas acima, “quanto à função de servir ao sacerdote junto ao altar, observem-se as normas dadas pelo Bispo de nossa Arquidiocese”¹⁰, através dos decretos e subsídios Arquidiocesanos.
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4 - Do cerimoniário
16. Em cada celebração litúrgica dos sacramentos, recebemos, por graça, a benevolência e misericórdia de Deus e, portanto, é mister que a dignidade do rito, do presidente e de toda a assembleia cristã sejam guardadas com compromisso e responsabilidade por todos.
17. Dessa forma, permanece imprescindível que os ofícios presta-dos na liturgia sejam executados com ordem e simplicidade, preservando sempre as orientações desta Igreja particular.
18. O serviço prestado pelo cerimoniário – ou seja, por aquele a quem é conferida a responsabilidade de zelar para que a liturgia se desenvolva com harmonia, beleza e sem percalços – deve ser realizado com desenvoltura, sutileza, piedade e humildade.Tal serviço poderá ser prestado por meninos e meninas de acordo com a autorização do Arcebispo Metropolitano, obedecendo aos critérios indicados neste Diretório Arquidiocesano.
19. Ainda que não instituído, pode o leigo desempenhar, por encargo temporário, as funções de acólito¹. Quando isso ocorrer,
deve ser chamado de cerimoniário. Fica o termo acólito reservado ao acólito instituído.
20. No centro da Celebração Cristã está o Cristo, morto e ressuscitado. Portanto, Ele é o centro da nossa fé. Sendo assim, aquele que exerce tal serviço não deve executar as funções que compõem a Liturgia, mas coordenar de forma sutil, silenciosa, responsável e, principalmente, discreta.
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4.1 - Da preparação dos cerimoniários
21. No que tange à preparação, é conveniente ressaltar os critérios para a escolha daqueles que exercerão tal serviço:
a. Sendo assim, a idade mínima é de 13 anos;
b. Participar das formações litúrgicas da Arquidiocese;
c. Ser membro ativo da comunidade;
e. é exigido que tenha sido coroinha anteriormente.
22. Esses critérios têm por objetivo promover o crescimento dafé e da vivência na comunidade, uma vez que permitem ao jovem
conhecer grande parte dos serviços dos quais a “messe do Senhor” necessita. Essa exigência visa a afastar uma possível consciência
distorcida do cerimoniário, que poderá sentir-se “funcionário do sagrado”.
23. Como nos apontava o Papa Francisco, oferecer-se ao serviço da
Liturgia pressupõe, da parte dos cerimoniários, a reta consciência
e intenção “de irem como discípulos, como amigos do Senhor;
trata-se de compartilhar a Palavra, de repetir os gestos de perdão,
de amor e de dom d’Ele, de não procurar o próprio prestígio, mas
o bem do próximo”².
24. É dito e obrigatório que só serão cerimoniários arquidiocesanos os padres que o Mestre de cerimoniários arquidiocesano nomear. Os demais cerimoniários são cerimoniários paroquiais, mesmo podendo utilizar o mesmo título de Cerimoniários. Os padres nomeados pelo mestre de cerimônias da Arquidiocese são definitivamente os cerimoniários arquidiocesanos.
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25. No Cerimonial dos Bispos, é indicado que o cerimoniário
aja “com suma discrição, não fale sem necessidade; não ocupa o lugar dos diáconos ou dos assistentes, pondo-se ao lado do celebrante; tudo, numa palavra, execute com piedade, paciência e diligência”3
.
31. A formação teórica e prática dos cerimoniários ficará a cargo das paróquias, mas com encontros anuais em âmbito Arquidiocesano. Este subsídio elenca as seguintes diretrizes:
a. Que se faça a preparação no decorrer de, pelo menos, 2 Formações, ao longo de, no mínimo, 1 semana;
b. Que se estude com dedicação e profundidade:
• Os livros litúrgicos: Missal Romano; Introdução ao Missal
• Romano e Introdução ao Lecionário; Pontifical Romano;
• Cerimonial dos Bispos; Lecionários (dominical, semanal e santoral).
• As diretrizes da Pastoral Litúrgica da Igreja particular; o Documento Conclusivo do Sínodo Arquidiocesano; e decretos Diocesanos.
c. Quanto à Liturgia, aprofundar o estudo da sua história, natureza, das diversas celebrações, dos tempos litúrgicos com os seus desdobramentos;
d. Quanto à Igreja, estudar sua estrutura, hierarquia e, de forma breve, história e importância ao longo dos séculos.
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4.2 - Funções do cerimoniário
26. Cabe ao cerimoniário a tarefa de zelar para que as celebrações decorram em boa sintonia, harmonia, conforme preveem os rituais e as normas pastorais Arquidiocesanas. Como afirma
o Cerimonial dos Bispos, “procure que se observem as leis das celebrações sagradas, de acordo com o seu verdadeiro espírito, bem como as legítimas tradições da Igreja particular que forem de utilidade pastoral”⁴.
27. Portanto, sua função é:
e. Organizar junto à Pastoral Litúrgica o que cabe ao momento celebrativo;
e. Estar em sintonia com os cantores, leitores, salmistas e comentaristas, “suas ações precisam ser regidas pelo modo justo e sem distrações, de tal modo que transmitam toda ação celebrativa”.
f. Verificar junto aos ministros extraordinários da distribuição da Sagrada Eucaristia se todos os objetos litúrgicos estão organizados para a celebração;
g. Orientar os coroinhas durante as celebrações conforme o
número 20 deste diretório;
h. Cuidar para que haja um local apropriado para paramentação dos ministros ordenados.
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5 - Das vestes do coroinha e do
cerimoniário
28. A palavra coroinha, com a qual costumamos designar os pequenos amigos de Jesus que auxiliam os padres nas missas, tem origem incerta. Segundo uma versão muito divulgada, o termo vem da expressão latina puerichori, que quer dizer meninos do coro. Eram as crianças que cantavam no coral da Igreja e que, algumas vezes, eram selecionadas para servir ao Altar. De fato, ainda hoje, as vestes usadas pelos meninos do coro que cantam nas missas celebradas pelo Papa, no Vaticano, são idênticas às de
nossos coroinhas.
29. As singelas vestes dos coroinhas¹, por si mesmas, já despertam nobres afetos em todos os corações. Quem não se encanta, por exemplo, ao ver as mães ou os parentes das crianças preparando-lhes as vestes? Porém, mais que isso, são as vestes invisíveis de sua alma que o tornam verdadeiramente belo aos olhos de Deus. Com tecido são feitas as roupas para o corpo; com virtudes, porém, as roupas para a alma.
30. Tendo em vista a necessidade de harmonia no rito e levando em consideração o costume já existente, tenha-se uniformidade nas vestes dos coroinhas e dos cerimoniários:
a. Coroinhas: túnica vermelha, sobrepeliz branca com detalhes na manga e na parte inferior.
b. Cerimoniários: túnica vermelha, sobrepeliz branca com rendas na manga e na parte inferior.
31. É vetado o uso de batina e amito por coroinhas e cerimoniários.
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6 - Da apresentação de coroinhas e cerimoniários novos
32. Para que se aproveite o aspecto pedagógico das celebrações em que a Igreja reconhece o serviço dos coroinhas e cerimoniários, é conveniente abençoar as vestes dos candidatos durante a
Missa.
6.1 - Rito de reconhecimento de coroinhas e cerimoniários
33. Para que esse momento litúrgico seja de grande respeito e sem
improvisos, fica estabelecido o seguinte rito, baseado no Ritual de
Bênçãos:
Após a homilia, antes de se professar a fé (Creio em Deus Pai...), o casal responsável convida todos os candidatos a se apresentarem (não é necessário dizer o nome de cada criança ou adolescente) à frente do celebrante, segurando
as vestes a serem abençoadas. O celebrante, então, prepara os candidatos para
a bênção com estas palavras ou outras semelhantes:
34. Caríssimos irmãos, vocês e as vestes aqui trazidas receberão agora uma bênção particular, para que fique caracterizado que a função de COROINHA (CERIMONIÁRIO), que vocês buscam assumir com o uso das vestes, destina-se unicamente ao culto divino. Peçamos ao Senhor que nos fortaleça com a sua bênção, e Ele, que é Santo, nos fará santos e dignos, ao celebrarmos, com piedade e devoção, a Santa Liturgia.
Oremos:
Todos rezam em silêncio por algum tempo. O celebrante, então, prossegue:
35. Ó Deus Bendito, que constituístes o vosso Filho Unigênito Sumo e Eterno Sacerdote do Novo Testamento e escolhestes estes candidatos para colaborarem nas celebrações litúrgicas dos
vossos mistérios, concedei que estas vestes, reservadas pela vossa bênção para as sagradas celebrações, sejam usadas com reverência pelos coroinhas (cerimoniários) e significados por eles com uma vida santa. Por Cristo, nosso Senhor. Amém!
Após a bênção e a aspersão, os coroinhas e cerimoniários vestem-se com auxílio dos pais. Pode-se cantar neste momento. Conclui-se o momento com a
Salve-Rainha, a Ave-Maria e o Credo.
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36. O serviço dos grupos de coroinhas e cerimoniários é importante para a vocação da Igreja, isto é, propício para o incentivo às
vocações sacerdotais, religiosas e consagradas.
37. É um serviço eclesial. Busca motivar e levar as crianças, adolescentes e jovens que servem à liturgia a serem inseridos na comunidade dos fiéis que celebram o Mistério de Cristo. De igual
modo, os pais dos coroinhas, ao se envolverem nos serviços prestados por seus filhos, tornam-se também participantes da vida da
Igreja.
38. Segundo Santo Inácio de Antioquia, “onde está o Bispo, aí está a comunidade, assim como onde está Cristo Jesus aí está a Igreja católica”, por essa razão fica estabelecido que os grupos de
coroinhas e cerimoniários celebrem, uma vez ao ano, na Catedral Metropolitana (ou em outro lugar mais conveniente) com o Arcebispo.
39. Portanto, que as paróquias incentivem tal serviço com uma pedagogia de unidade e na caridade no trato com as coisas de Deus e da Igreja e, principalmente, com o povo que celebra e anima a vida da Igreja.
40. Este diretório seja o orientador para os padres, coordenadores e todos aqueles que desempenham o trabalho de evangelização junto às crianças, adolescentes e jovens que desempenham esse nobre serviço na Igreja.
Dado e passado na sala do Coordenador da Pastoral dos Coroinhas Arquidiocesanos no nono dia do mês de agosto do ano Jubilar de 2025.
Monsenhor Alexandre Costa
Coordenador da Pastoral dos Coroinhas Arquidiocesanos